quinta-feira, 29 de abril de 2021

OS CENTROS COMERCIAIS DA MINHA JUVENTUDE

 

Um centro comercial é, por excelência, um local onde se pode comprar, porque existe oferta para tal, muitos produtos e serviços variados, sem sair do mesmo local. Este conceito foi inovador cresceu depois do 25 de Abril pois, antes havia algumas lojas mais pequenas arrumadas, em espaços com o pomposo nome de galerias. Foi, por esta altura que, também, os supermercados cresceram em tamanho e número. Desse tempo pouco resta, quer em conceito quer em nome, e apenas o recém-extinto Pão de Açúcar, chegou ao século XXI.

Sou desse tempo. Do tempo em que os centros comerciais eram o máximo. Eram o must da juventude e das modas eram sempre pioneiros. Um dos exemplos de pioneirismo aconteceu com uma loja de excepção: A Loja das Calças. Tinha um anúncio com som do Fancy (“slice me nice”) que passava nos cinemas da zona. A loja vendia ganga de marcas conhecidas a preços baixos. Voltando ao assunto central: Os centros comerciais.

Começo com um dos mais bonitos de então na zona de Lisboa. Chamava-se LIBERSIL, e tinha uma loja de hambúrgueres brutal chamada Frog e que tinha generosas doses de suculenta carne picada com cogumelos. Tinha umas escadas rolantes com luzes, na parte de baixo das mesmas. Existiam múltiplos recantos floridos que encantavam os namoricos. Era de fácil acesso e nunca havia filas ou tempos de espera para aceder à restauração ou, a algumas das lojas mais conhecidas.

Do outro lado da Avenida da Liberdade, em Lisboa, existia e ainda existe, julgo, as GALERIAS PALLADIUM, que tinha uma loja de aluguer de equipamento e material áudio-visual que durante meses foi fornecedora dos serviços prestados pela ARTSOM, uma das empresas que criada por mim, na década de 80. Desse centro comercial, estreito e pequeno, pouco mais havia digno de destaque, pois, no fundo, era um centro comercial comum.

Completamemte diferente era o TERMINAL, que ocupava toda a área comercial da estação do Rossio. Tinha, a já referida Loja das Calças, onde trabalhou a minha ex-mulher. Havia uma de lojinha de miniaturas e uma discoteca com algumas das novidades mais recentes dos tops de então. O único problema era o excesso de pessoal a circular pelas escadas rolantes e pelas portas das três entradas da estação. Editaram um disco de plástico com a ‘banda sonora’ do mesmo que era oferecida aos clientes, num estilo de marketing original e que, até hoje, não foi remetido por mais nenhuma empresa do ramo.


 

De entre todos, tenho recordações de alguns dos mais interessantes e que ainda resistem, meio rombos, mas sobreviventes, no século XXI. Falo do APOLLO 70, onde só alguns dos subúrbios iam. Mas, o mais curioso, era o número de vezes que me deslocava lá, para trabalhos de fotocópia, pois a loja de reprografia era uma das minhas favoritas. Ainda em Lisboa, um dos meus favoritos, era o CENTRO COMERCIAL DE ALVALADE, onde me perdia naqueles corredores circulares, simétricos e que nos desorientavam. 

Na minha cidade de sempre, a Amadora, começei por frequentar o primeiro centro comercial que apareceu por lá: O CENTRO COMERCIAL DA AMADORA, mais conhecido por centro do morteiro, pois nos anos 70, caiu por engano um morteiro dos Comandos da Amadora. No entanto, o BABILÓNIA e O CENTRO COMERCIAL LIDO, foram sempre mais do meu agrado por motivos vários. O Centro Comercial Babilónia foi o mais utilizado por mim na minha vida. Tinha lojas de electrónica, cinema, lojas de desporto, discoteca, restaurantes e muito mais. Infelizmente, com a entrada no novo milénio, transformou-se no centro da monharia e dos telemóveis e da pretalhada e dos postiços. Desde há muitos anos, que evito de frequentar tal espaço degradante e quase degradado. No entanto, sempre utilizei, até ao fim de funcionamento, foi o complexo Lido. Discoteca, um cinema e um cine-estúdio. A discoteca era mais conhecida como Danceteria Lido e era uma das maiores do país. O centro comercial era relativamente pequeno mas, muito sossegado. Poderíamos ter uma conversa calma e tranquila durante horas.

No entanto, outros centros comerciais foram marcantes noutros locais, noutras épocas e noutros contextos. Durante uns anos fui assíduo frequentador do Centro Comercial de Faro, conhecido por FORUM ALGARVE. Neste, ao contrário de outros, era a variedade da comida que me cativou. Eram paladares muito diferentes dos que estava habituado até então. Que grandes pitéus, devorei por lá. Mesmo mais recentemente, na companhia da minha querida esposa Alexandra. Lá, o que é mais agradável é a arquitectura. Ambiente fresco, descontraído e com uma vista interessante.

No Porto, o que fui, frequentando durante alguns anos era o Centro Comercial BRASÍLIA. No entanto, curiosamente, a maior parte do tempo que passei na capital do Norte, desde o final dos anos 90, nunca fui a nenhum dos centros comerciais, porque para se conviver com amigos é noutras áreas, mais clássicas, tradicionais e intimistas. Os amigos merecem! Todavia, no século XXI sempre que fui a Braga, lá estava eu, no SHOPPING BRAGA PARQUE. Exceptuando as salas de cinema, com os horários diversificados, e a área da restauração, pouco ou nada de novo nas lojas e na área comercial. Era excelente, para passear nos dias mais frios, na companhia do maravilhoso sotaque das bracarenses e das próprias. Pois!

Não posso deixar de recordar, ainda o SHOPPING CACÉM - Centro Comercial, antes da invasão escura, onde ia algumas vezes saborear os gelados da Nestlé, sempre diferentes dos outros, e o Centro Comercial FONTE NOVA, onde trabalhei, como contínuo, e adorei a experiência. Belos empos…

Texto: Fernando de Sucena

Imagem: Google

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