quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

MINHA MÃE

Minha Mãe

 


 

 

 

 

 

 

 

 

Mãe é cabeça, coração e ventre

Amor, paixão e mágoa que sente

Alegria, felicidade, dor e prazer

Por dar ao mundo, um novo ser

 

Mãe é aconchego, calor e peito

Que ao longo da vida mantêm

Apoio, suporte, e aquele jeito

Único, ímpar de ser a minha mãe

 

Mãe é sofrimento, arte, poesia

Colinho, mimo, festas e gritos

Quem separa o real da fantasia

Encoraja a enfrentar medos, mitos

 

Sabe o valor que ela própria tem,

Passa valores, ideais intemporais

Únicos apenas possíveis por ser mãe

Cria e educa filhos, futuros pais

 

Mãe é mãe, pai, amiga também

Óh minha mãe minha amada

Quem tem uma, tem tudo, porém

Quem não a tem não tem nada

 

 Texto: Fernando de Sucena/2020

 Imagem: Google

 

 

 

 

 

DEIXEM-ME SER POLÍTICO

 

Deixem-me ser político

Porquê não poderei ser tal?

Para o meu país amado,

Fiz menos bem do que mal

Mas ninguém foi enganado

 

Menti, enganei, o fisco e o Estado

Fui sempre o oposto no outro lado,

Como a outra malta bem onerosa

Que passa de Laranja a Rosa

 

Tenho perfil ideal para tal

Sujeito-me a ser sabujo

Passar por louco, anormal

Fazer merda, jogo sujo

 

Viver de cunhas e favores

Tratar quem odeio por amores

Desculpar erros grosseiros

Concordar com desordeiros

 

Deixem-me ser político

Porquê não poderei ser tal?

Para o meu país amado,

Fiz menos bem do que mal

Mas ninguém foi enganado

 

Antes, político era um sacrificado

Agora sacam tudo ao esmifrado

Defraudam, delapidam património

Junto com esforço, pelo António

 

A velha Constituição segue a fluir

E faz com que se tenha de mentir

Para ter milhares de assinaturas

E apresentarem-se candidaturas

 

Perpetuando a ampla corrupção

Que campeia de alto a baixo

Depois de ter um bom 'tacho'

Deixar a actividade não é mais opçáo

 

Deixem-me ser político

Porquê não poderei ser tal?

Para o meu país amado,

Fiz menos bem do que mal

Mas ninguém foi enganado

 

Com mais ou menos mama, conezia

Viverei feliz e escudado em alguém

Nesse mundo hipócrita de fantasia

A pagar favores e apoios também

 

Também com os curricula se engana

Sem que ninguém, afinal, vá de cana

Subsistir sem remorso com esquemas

Dá para ganhar posse em todos os sistemas

 

Com muito treino e afinco

De anos de experiência confirmada

Com a Justiça direi: Já brinco

Será tudo política e palhaçada

 


Deixem-me ser político

Porquê não poderei ser tal?

Para o meu país amado,

Fiz menos bem do que mal

Mas ninguém foi enganado

 

Enfim, por tudo o que foi dito

No fim de contas serei bendito

Só não entendo porque não...

Não posso ser político, então!?

 

Reúno competências variadas

Mestrados feitos às estaladas

Para desempenhar a profissão

Que não é a verdadeira paixão

 

Mas se disserem que eu disse

Nego, refuto, desminto, já se vê

A agir com tanta malandrice

Ganho com'os outros, com parvoíce

 

Deixem-me ser político

Porquê não poderei ser tal?

Para o meu país amado,

Fiz menos bem do que mal

Mas ninguém foi enganado

 

Tanto se faz que seja agricultura

Pesca, economia, finanças, cultura

Fazer tristes figurões não custa

E a asneira, o erro não me assusta

 

Com pessoas certas, só por azar

Poderei a Primeiro vir a chegar

Basta o meu aparelho partidário

Eleger-me como o melhor otário

 

Posso todos ultrapassar, ser egoísta

Para vacinas e tratos, não quero lista

Quero vénias, culto e respeito

Apesar de tudo e a despeito quero ser… eleito

 

Texto: Fernando de Sucena/2020

Imagem: Google

 

 

 

 

FOSTE TU, NÃO FUI EU!

 

Foste tu quem primeiro olhou e se aproximou, não fui eu!

Foste tu quem primeiro me tocou e a mim se encostou, não fui eu!

Foste tu quem começou a me beijar e a me amar, não fui eu!

Foste tu que me escolheste e me enfeitiçaste, não fui eu!

Por isso…

Não me culpes do desapego em que agora vives,

Não me culpes se te sentes afastada, isolada,

Não me culpes se na intimidade comigo, não convives

Não me culpes se não te sentes mais amada.

Porque

Foste tu quem primeiro olhou e se aproximou, não fui eu!

Foste tu quem primeiro me tocou e a mim se encostou, não fui eu!

Foste tu quem começou a me beijar e a me amar, não fui eu!

Foste tu que me escolheste e me enfeitiçaste, não fui eu!

Por isso…

Não te culpes se achas que te abandonei e deixei de te gostar

Não te culpes se te julgavas dona de mim e do meu coração

Não te culpes se me afastei porque nunca a ti me pude dar

Não te culpes se achas que vives uma mentira, numa ilusão.

Porque

Foste tu quem primeiro olhou e se aproximou, não fui eu!

Foste tu quem primeiro me tocou e a mim se encostou, não fui eu!

Foste tu quem começou a me beijar e a me amar, não fui eu!

Foste tu que me escolheste e me enfeitiçaste, não fui eu!

Por isso…

Não me culpes mais!

Foste tu… não fui eu!

 




  

Texto: Fernando de Sucena- 08/2016 

Imagem: Google

SE, EU FOSSE RACHA, O MUNDO SERIA DIFERENTE

 

Se, eu fosse racha, o mundo, para mim, seria diferente. E não só diferente, mas muito melhor, para mim.

Se, eu fosse racha, seria uma grande meretriz porque sem grande, esforço teria liquidez.

Se, eu fosse racha, poderia ter sido ministra, directora ou administradora, não, por mérito, mas, por promoção horizontal, com ou sem, a vertical incluída.

Se, eu fosse racha, teria sido dona do meu nariz. Mesmo a levar na tromba, por ser fêmea, continuava a ser uma senhora, dona de uma racha. A racha domina e comanda o mundo.

Se, eu fosse racha, em vez de pila, podia ter o mundo a meus pés, porque qualquer homem se verga à força da racha. Ou vai ou racha!

Se, eu fosse racha, estava milionária, mercê do trabalho bem remunerado, dos meus serviços sexuais, pagos na proporção directa da qualidade do desempenho.

Se, eu fosse racha, cruzeiros, viagens e festas seriam à fartazana, porque, nunca estaria ausente de nenhuma destas actividades com aroma a homem ou mulher, com posses.

Se, eu fosse racha, teria os juízes e a justiça do meu lado, porque seria considerada uma senhora, logo, um elemento do sexo fraco, o que faz ao ego dos homens, que são, no fundo os mandantes sociais.

Se, eu fosse racha, seria uma pessoa temida, pois consideraria qualquer outra gaja, uma concorrente e um alvo a abater, para o que quer que fosse. Elas manipulam e mandam sub-repticiamente, desde sempre.

Se, eu fosse racha, os meus filhos seriam os melhores, os mais bonitos, os mais educados, os mais, de qualquer coisa, ou de tudo, tal qual as outras, acham os seus próprios.

Se, eu fosse racha, em vez de trabalhar, viveria à conta de alguém, e estudava o máximo possível para ter tempo livre. Ademais, a maioria da minha concorrência, andaria na escola e a biscatar ao mesmo tempo.

Se, eu fosse racha, teria mais publicidade e poder que essas galinhas que andam pelas televisões, a fazerem figuraças e figuronas, porque não teria vergonha nenhuma.

Se, eu fosse racha, em resumo, era uma grandessíssima e refinadíssima putéfia. Ai, pois era! Sem remorsos, nem pesos na consciência. É assim desde o princípio da humanidade. Com uma racha, consegue-se tudo o que se quiser. 

Se, eu fosse racha, já teria enriquecido e, como estava a ficar velha, alargada, bem usada e abusada, a esta hora, estaria a mudar de sexo, e a ser quase um homem.

Se, eu fosse racha, já tinha lixado, eu próprio, como homem… Bem feito!

 


Texto: Fernando de Sucena 2019

Imagem: Google (composição artística brasileira)

Para que não haja dúvidas sobre o poder da racha ou vagina, no mundo, ouçam as duas canções eternizadas pela voz do Chico Buarque, apesar de ser um vendido, à esquerda brasileira:

- Mulheres de Atenas - https://www.letras.com/chico-buarque/45150/ – (Augusto Boal/Chico Buarque) – Peça Lisa a Mulher Liberadora

- Geni e o Zepelim - https://www.letras.com/chico-buarque/77259/– (Francisco Buarque de Hollanda) – Peça Ópera do Malandro

       


quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

O ANO 21

 

Vem aí um novo ano, em que tudo o que era certo, normal e adquirido, será doravante algo complexo e completamente diferente.

No ano que vem, vai ser complicado falar-se da História do cinema; da energia eléctrica doméstica; dos animais que conhecemos e de tantas outras coisas.

Não podemos falar de filmes antigos, porque não se pode referir os filmes a preto e branco, pois é proibido dizer preto, porque caso tal seja referido, o epíteto de racista será aflorado. Quer dizer que só poderemos falar de filmes como o Avatar, ou os estrumpfes, ou smurfs (Les Schtroumpfs no original) que são azulinhos, e mesmo assim não se podem classificar como azuis-escuros, ou azuis-claros, porque o escuro já remete para a cor macacóide. Caraças que ano esse que aí vem. 

Também não se pode falar da energia eléctrica doméstica, porque para que tal funcione é necessário enfiar uma coisa hirta, numa coisa com buraco. Caso se fale de macho e fêmea, nas fichas eléctricas, teremos logo o epíteto de homofóbicos, porque essa casta de energúmenos panilas e batedoras de pratos, grunhirão logo coisas horripilantes de quem, de forma inteligente acha que, sem introdução polar alternada, não existe corrente. Pois é, nada de referências tendenciosas ao AC/DC. Chiça! Não se pode falar de coisas fixes em 2021.

Também, pelo que se sabe nada de referências a ambos os lados, de nós mesmos. Quem se referir ao lado esquerdo será, acusado de terrorista, e quem preferir nomenclar o lado oposto será carimbado de fascista. Chega! Porra! Basta! No próximo ano, nada de referências a estas palavras complexas.

Quer-me parecer que, igualmente, não devemos falar dos animais que conhecemos e de tantas outras coisas. Quanto aos primeiros, ouse alguém dizer que deixa o patudo na rua a tomar conta da moradia, quando deveria colocar, o animal num berço, com um criado para o acompanhar e encontrar um polícia para as funções de segurança. Tratar um animal como animal poderá ser acção proibida. Todavia, maltratar um polícia, será aceitável. Quanto muito, poder-se-á equiparar o bicho, a um qualquer beneficiário profissional de RSI, ou a um esmifrado migrante mesquita ou bangla.

Parece-me que também não, podemos referir assuntos da sociedade actual, sob pena de sermos sujeitos a um julgamento sumário e, quiçá a uma pena de trabalhos forçados nas colónias que são os bairros sociais.

Esqueçam as redes sociais manipuladas, as televisões controladas, os grupos de media dominadores, as disciplinas não nucleares das escolas, os antivírus, os telemóveis viciantes, e concentrem-se na conversa pessoal, cara a cara, em grupo, sob pena de ainda embrutecerem mais.

Como se vê, infelizmente, parece-me que 2021 será o primeiro ano normal, da anormalidade que aí vem e que antecipa o fim do mundo para muito em breve. É que, com esta displicência semântica, seremos julgados até por termos nascido. Quer dizer, pessoa normal será a verdadeira anormalidade. Se não for preto, migrante, esmifrado do RSI, aberração sexual, cigano ou esquerdista marado, será um cidadão non grato. 

 


2021, será um ano pior que este miserável 2020, mas não poderão culpar o Covid-19. Azar, pessoal. Será um ano tristonho e miserabilista, em que o futuro das gerações vindouras ficará penhorado, pela tresloucada bazuca financeira. Mas, também, esta malata nova ainda consegue ser mais estúpida, egoísta e desprezível do que as duas anteriores, pelo que para elas nada de bom se augura nos próximos anos. Não comecem. Também tenho filhos, afilhados e enteados e estou-me a borrifar para eles, pois estou bem situado no tempo actual. Bem feito! Eu já estou quase despachado desta vida, pelo que quem vier atrás que feche a porta. E já agora que paguem os quase 280 mil milhões de dívida soberana que deve o meu, outrora querido Portugal. Adeus. Beijos e abraços que ainda são das únicas coisas que não se pagam e se dão, prazenteiramente, com ou sem máscara.

Texto: Fernando de Sucena

Imagem: Google