Fazer o bem ou o mal é indiferente
Ao que acontece depois da morte.
Ninguém deve ser temente,
Pois nascer e ficar vivo já é sorte
Quando acontece falecer um bebé
Todos, mesmo os descrentes,
Creem que algures ficará ao pé
De todos os seus ascendentes.
Não existe demónio nem Deus.
Tampouco anjos, ou almas,
Ou ente queridos que foram seus,
Nada fica ou resta das vivalmas,
Não há anjos nem penitências,
Para atenuar o sofrimento, a dor.
A fé existe pelas más influências,
Pela negação e pelo desamor.
O conceito de tempo foi criado
Para valorizamos a vida e o prazer,
Afim do sofrer não ficar acumulado
Dividindo-se entre nascer e morrer.
Finando, tudo termina, acaba, se esvai
Na poeira do tempo e do futuro.
O destino não se atrasa nem se distrai.
É assim que passa de modo duro.
Se houvesse anjos e outra vida,
Terminando esta seria possível
Acreditar de forma desprovida
No além do infinito exequível.
Anjo conceito abstrato, desconexo,
Pouco suscetível de entendimento,
Pensamento etéreo e amplexo
Apenas um falso sentimento.
Sonhar com anjos, é puro delírio
Decorrente do desejo de salvação
De quem escudado na cor Porfírio,
A eles e a santos exige devoção.
A fé é um mistério insondável
Criadora de demónios e crenças,
Idênticos no vazio razoável
Da razão insana e sua renascença.
Fenando de Sucena/Páscoa,2024

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