O que é a fé? Porque dizemos tê-la? Para que serve?
A todas estas e muitas outras perguntas apenas a resposta será: a fé não existe. A fé é uma palavra criada pelos criadores das religiões que, também não existem, e estas têm sobretudo a ver com a necessidade de os muito antigos justificarem aquilo que desconheciam.
Efectivamente, apenas uma muito pequena minoria de iluminados, inventou conceitos abstratos para justificar, a uma maioria inculta, aquilo que, estes últimos desconheciam.
Curiosamente, ou talvez não, os agricultores, pastores e artesãos, de uma maneira geral, sempre foram massacrados e subjugados pelas elites opositoras para imporem as ideias dos mandantes. A religião é uma dessas situações.
As fracções tribais foram impondo à bruta, assentes na violência, as suas vontades. Quanto mais iletrado e inculto é um povo, mais facilmente se domina e controla. A fé é uma dessas consequências. A cada religião correspondendo mesmo conceito interpretado de forma diferente. As variações na interpretação dos dogmas dessas diferentes abordagens originam variações na génese da religião primária. Por exemplo: católicos, protestantes, evangélicos, ou, sunitas e xiitas, para referir às mais conhecidas.
Portanto, a religião é algo conceptual e abstrata, sendo que, a fé segue o mesmo princípio: é imposta pela religião. Dito assim, de uma maneira simplista, um agnóstico de décadas, como eu, terei pouca vida por não me submeter a nenhuma forma de espiritualidade. Aliás, para reforçar esta neutralidade, basta observar as origens das principais religiões que, se fundamentaram a partir das mesmas crendices baseadas nas mesmas escrituras ancestrais. Logo, uma imposição de crença baseada no conceito de fé é errada e vazia.
Todos os antigos profetas eram uns alienados, eremitas, que viviam em transe permanente, certamente adquirido nas misturas de ervas de crescimento espontâneo que, consumiam, algures no deserto. Na sequência dessas derivas, as visões de Deus, do Diabo e de toda a idolatria associada, surgia-lhes numa quantidade colossal nos seus retiros de auto-isolamento prolongado.
No século XXI, e séculos depois do aufklarung, surgem novos iluminados que condicionam o conhecimento à luz dos novos tempos e cortam com o passado, com o ancestral, que contrariam e opoem-se a quase todas as formas do pensamento orientado.
O facto de as pessoas não gostarem da política, acharem que o futebol nunca será uma religião, ou, ainda o afastamento da espiritualidade, não são factores isolados. Esta situação sucede, porque as pessoas começaram a pensar mais em si e nos objectivos pessoais e menos no que os outros acham ou gostam, englobando neste pensamento livre as inter-relações entre espírito, mente e psique. Assim sendo, caríssimos, a fé, é nada, coisa pouca. Pelo menos, eu acho que é. A mundividência essencialmente religiosa está em mutação avassalora constante e caracteriza-se pela fantasia sobre mundos alternativos que possamos construir, sendo que, para tal, tenhamos de destruir o mundo real e actual. Portanto, todo o empirismo religioso que nos acompanha ao longo da vida, está a ser colocado em dúvida, com alguma lógica, pelos negacionistas de quase tudo. Portanto, concluíndo e encerrando, em português suave, a fé é uma treta. Não tenho fé nenhuma na fé.
Essa descrença nas crenças, fez com que, por questões meramente financeiras tivesse há mas décadas atrás fundado um igreja (seita) que permitiu ganhar muito dinheiro, à conta dos papalvos que pagam por rezas e benzeduras parolas. O Fisco colabora com a sua cota-parte, ao ter uma palete cheia de isenções fiscais, o Estado colabora com apoios e mecenatos, e a coisa enriquece mais com os bancos alimentares, por exemplo. Vendi a mesma, a uma outra seita brasileira e retirei-me das acções pastorais da IGREJA DA CONSCIÊNCIA. Noutra oportunidade falarei desta actividade. É assim, a fé, ou fezada nas coisas…
Saiba mais: https://www.youtube.com/watch?v=GMmfKGZsfBY
- A Vida de Brian (filme icónico sobre a desconstrução da religiosidade)
Texto: Fernando de Sucena
Imagem: Google e Arquivo/Produtores Reunidos