Retorno ao vosso convívio com uma recordação política ignóbil e provocadora que demonstra que, a política, como ela está, é uma fantochada e demonstradora da imbecilidade do eleitor.
Para os mais esquecidos recordo, a propósito das eleições autárquicas, a minha última e melhor experiência política, então com o nome de Mário Teixeira.
Em 2005, na sequência de uma reunião de amigos, e por ser uma época próxima do meu aniversário, os mesmos, resolveram oferecer-me uma candidatura à Câmara Municipal da Amadora.
Desses tempos louco, recordo a todos vós, algumas imagens que então invadiram a cidade e algumas freguesias do concelho. Uma campanha com custos totais a orçar os 700 euros, no máximo, e um retorno enorme, mal aproveitado, pelo partido que apoiou os independentes e por parte dos próprios listados.
Tinha eu, e um dos candidatos, terminado um curso de marketing político, em que um dos formadores, recordo, era o falecido Jorge Coelho, camarada e amigo de Jorge Lacão, primo de um dos candidatos, onde o trabalho final seria, supostamente, a simulação de uma campanha eleitoral. O resultado ultrapassou tudo o que se previra, até porque Partido Humanista havia colocado na imprensa anúncios a pedir candidatos para as autárquicas. Desta forma, ao invés de andarmos a solicitar favores, e a recolher 5000 assinaturas, atalhámos. O Partido Humanista crescia em massa crítica e dimensão as suas candidaturas e, os candidatos, oriundos de várias cores do espectro político, como independentes, promoviam a força política em questão. Negócio genial.
Havia, na época, muita vontade de agitar as águas e provocar muita confusão no sistema socialista. Havia, voluntários, algumas verbas, estrutura e tratando-se de um grupo de amigos, a partida para essa aventura, estava destinada a um sucesso relativo.
E, se melhor se pensou, melhor se executou. Dobrámos a percentagem de votos do partido, fomos a autarquia do país com a maior percentagem a sul do Tejo e fartámos-nos de divertir.
Agora, esta semana, recordei-me deste episódio, ao assistir aos confrontos miseráveis que as televisões realizam. Nesse tempo, televisão nada, rádio alguma coisa e imprensa local, sim.
De qualquer forma, três dos integrantes do topo da lista, incluindo o euzinho, tinham alguma experiência de agitação política porque estavam ligados a movimentos de extrema-direita, na altura do M.A.N. e, da vinda atribulada de Jean-Marie Le Pen, a Sesimbra. Ah, pois é! Sou um dos casmurros anti-democratas que pululam pelo país.
Deu para perceber que a política que se pratica no país é podre, está moribunda, muito à conta dos colossos empedernidos que lideram o sistema, há mais de 40 anos e uma Constituição arcaica, caduca e esquerdista. Mesmo assim, desde tentativas de subornos encapotados e promessas de apoios pós eleitorais, de tudo recebi. Todavia, como todos os integrantes das diversas listas tinham profissões e carreiras profissionais mais inteligentes que fazer política.
Quando tudo acabou, cada um seguiu o seu caminho, mantendo-se a amizade vinda de muito antes, desta brincadeira. De qualquer forma, caso a população não estivesse estagnada, a Amadora poderia hoje ser um dos municípios mais desenvolvidos do país. Uma das propostas curiosas e que estava realmente muito avançada era a da instalação de portagens na IC-19, afim, de desviar o fluxo de trânsito nesta via e promovendo alternativas. Continuou o meu ex-amigo Joaquim Raposo a liderar a coisa, bem como a cantora Isabel Campelo, apesar da popularidade não conseguiu impulsionar muito os bloquistas.
Desde então, tenho estado de vacances, desta coisa demoníaca que é a política activa, mas não me encontro moribundo na ideologia. Nem posso.
Oportunamente, voltarei ao tema com uma abordagem mais analítica.
Obrigado, por me lerem mais uma vez.
Texto: Fernando de Sucena
Imagens: Arquivo/Produtores Reunidos



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