As autárquicas dão para fazer quase tudo em temos de agitar as massas populares e de dar uma ideia popularucha, abstrata e parva dos políticos, dos fregueses dos candidatos e dos demais intervenientes maioritariamente recrutados para as dezenas de listas aprovadas pelo Tribunal, nos cantos, recantos e sítios esconsos escondidos do país.
Depois de assistir, em montes de canais no cabo e na net, a debates e entrevistas do mais puro idiotismo, estupidez. Como o circo está suspenso, aproveitou-se este tempo de antena disponibilizado paraa todos, soltar os palhaços amadores e profissionais para divertirem um país confinado a tanta parvoíce.
Os deputados, já de si assoberbados de trabalho par(a)lamentar, concorrem como cabeças de lista, para enganarem os eleitores porque, que eu saiba, só raramente, um deputado deixou a cadeira fofinha da assembleia por outra numa Junta de Freguesia. Assim sendo, percebemos porque o Primeiro-Ministro tem a familia espalhada por freguesias de Campo de Ourique e Benfica mas, o próprio passeia pelo país a incentivar o voto nos apaniguados rosinhas, demonstrando a imbecilidade dos candidatos que precisam de um empurrão do líder, assim como quem diz os votos que me derem a mim, revertem para este gajo que vai mandar em vocês, no meu lugar. Isto, no limite, pode-se enquadrar no crime de publicidade enganosa. Ah, pois é!
Tenho assistido a barbaridades imensas de divulgação política; com cães a falarem; candidatos a fazerem de psicólogos; faltarem aos debates de que se queixam de não haver e outras habilidades e outras manobras publicitárias que promovem os candidatos e criam inovações que os tubarões partidários irão utilizar, possivelmente, mais tarde.
Nas próximas autárquicas, quiçá, vai ser um vê se te avias no Big Brother para promoverem as freguesias parolas onde moram e as ideias esquizofrénicas que irão apresentar no programa autárquico num Reallity Show apresentado e comentado, não pelas aberrantes criaturas habituais mas, por eles próprios. Quantos Tinos de Rãs irão aparecer? Mas uma certeza existe: estes serão muito mais parvos do que o original
No meu caso, no ano de 2005, um dos cartazes dizia que cada voto dava um beijo, numa brincadeira semântica. Muito adiantado para o que é habitual na actualidade. Não havia debates televisivos, pouca internet, algumas entrevistas nas rádios locais e, sobretudo, muita papelada colada nas caixas de eléctricas da EDP, paragens, e outros espaços inovadores.
Recordo que, na junta de freguesia da Venteira, a minha freguesia na época, o presidente em exercício, um gajo gordo do PS que não autorizava nada que não fosse do partido. Ninguém para as mesas de voto, espaço para cartazes, desrespeitava os pareceres da CNE. Um ditador em potência, que se eclipsou.
Percebi, que o período de campanha dava para lavar roupa suja. Percebi, também, que os candidatos têm de ter um registo criminal imaculado, pelo que a limpeza de quezílias jurídicas é essencial para o avanço da coisa.
Percebi, que durante 15 dias temos acesso a sítios, pessoas e ideias em quantidade, e que esse tempo é pago e permite a dispensa do local de trabalho. Só coisas boas, para os candidatos. Por isto é que cerca de 500 mil pessoas aparecem envolvidas neste acto de cidadania, de quatro em quatro anos.
É nas eleições autárquicas que a povo mais ordena e se diverte com esta palhaçada popular.
Percebi que, gritar muito e mentir ainda mais, não adianta para aumentar os votos. Dar canetas e outras quinquilharias, também não ajuda a ganhar votos. Nada de arruadas, ou bandeiras e estandartes. Por vezes, a discrição, como a nossa surpreende. E, foi isso que aconteceu, na Amadora e na Venteira em 2005. Uns coletes amarelos, com as caras dos candidatos estampadas e uns milhares de pequenos folhetos em formato A5, colocados nos pára-brisas das viaturas e entregues aos transeuntes, provaram ser eficazes.
Contratámos uma empresa de marketing, recrutámos uns tantos voluntários e, pronto, fez-se!
Na política, como em tudo na vida, temos de ser inteligentes. E fomos. Todos os participantes nesta iniciativa engraçada, irrepetível e exigente, embora, tenhamos levado a coisa na desportiva.
Se calhar, fiz coisas erradas e pensei de forma incorrecta mas, político é assim mesmo. Hoje diz, amanhã desdiz. Enfim, já sabem como é.
Até à próxima, povo meu!
Fernando de Sucena - 2021/9
Imagens:Arquivo/Produtores Reunidos; LusoRecursos e AGEFM







