Antigamente havia medo, a PIDE, e
mesmo assim as pessoas falavam e, até a maioria silenciosa opinava. Agora,
existe o medo de falar pela liberdade excessiva. Não se pode, abertamente, dizer
o que se pensa e, sobretudo, o que ideologicamente achamos, sem o perigo de sermos
acusados de qualquer coisa. Esta é a democracia do terror. Se disser que
partilho das ideias terroristas do bloco sou permitido, porque sim. Todavia, se
disser que partilho as do Chega, sou logo acusado de uma série de insultos que,
em vez de serem utilizados em minha defesa, são utilizados para condenar mais.
Esta democracia autoritária não
interessa. Prefiro o autoritarismo do antigamente. Até porque já lá vivi e,
podendo comparar, prefiro o antes. Havia receio, não medo de falar. Por isso,
não estamos no top dos países mais democráticos. Nem agora, nem nunca.
Não posso dizer que gosto de mim,
porque sou branco, sem que seja acusado de racista. Não posso gostar de carne,
porque sou anti-ecológico. Não posso gostar de ser heterossexual, porque sou
machista e homofóbico. Não posso partilhar de algum ideário populista, porque
sou fascista. Não posso ser eu, tenho de ser uma outra coisa qualquer e quanto
mais acéfala e irracional melhor.
Actualmente, quem manda e
desmanda tem medo dos livre pensadores, e isso leva a que se esteja sempre com
um possível processo criminal ou cível sobre a cabeça, apenas porque se fala
das verdades, do que está mal e dos erros dos outros.
Não se pode falar a verdade da falácia
das eleições. Mas, os números não enganam. A minoria quer controlar a maioria.
E pelos visto vão conseguir, à força. Havia 9 343 084 inscritos no território
nacional para o outrora acto solene e democrático de votar. Juntando os
abstencionistas àqueles que votaram em branco ou em partidos sem nenhum
deputado eleito fica-se com 49,9% dos recenseados em território nacional 4 663 575,
isto significa que iremos ser governados por, menos de metade dos portugueses
que escolheram mal e, ainda assim, dessa metade por pouco mais de um terço.
Esta minoria eleita impõe o medo, o terror e tenta cortar a liberdade de
expressão.
Não posso deixar de apoiar André
Ventura e entender os que nele votaram porque, apesar de ser uma micro minoria,
diz as verdades e com elas, incomoda. E muito. Para já, foram mais de 66 mil os
descontentes quer falaram através do voto, sem medo. No futuro imediato,
seremos muito mais, por certo.
Temos de protestar, reclamar,
para que a voz dos revoltados, dos vitimizados e dos ultrajados pelas
injustiças dos tribunais, pelo menos, seja ouvida. Temos de falar sem medo da
Constituição caduca e das legislações desajustadas que só favorecem os
poderosos (que acabaram por se tornar mais saudosistas e burgueses como
antigamente).
Falem. Protestem. Não tenham
medo. Calar é fazer nesta democracia, o que antigamente o autoritário regime
fazia: Abafava e evitava o contraditório.
Falem! Falem e digam mal. Mas, sobretudo,
argumentem e reclamem com a verdade porque essa vem sempre ao de cima. É como a
merda, bóia, torna-se visível e incomoda.
Texto: Fernando de Sucena
Imagem: Google©

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