quarta-feira, 2 de outubro de 2019

A FASE RADIALISTA



Ao longo das quatro décadas de actividade relacionada com artes, comunicação e cultura, houve uma fase louca, nos anos 80, relacionada com a rádio.
Tudo começou como um mancebo imberbe e motivado, que se cruzou com um dos ídolos da sua juventude.
Conheci o Luís Pereira de Sousa, aquando da constituição da Rádio Comercial nos anos 80. Comecei com alguns apontamentos sobre a modalidade do coração: o automobilismo, em 1980, e depois entre 1982 e 1983.
Regressei em 1983 como colaborador da Antena Um com o falecido Raul Durão e Rui Almeida, com apontamentos sobre o Ano Internacional da Juventude.
Seguiu-se uma rápida e consequente aprendizagem com o mestre e o embarque na explosão das rádios locais ou piratas. Fui pioneiro com o SUPERSÓNICO, um programa com um estilo louco, uma dinâmica imparável, um ritmo furioso, um conteúdo de autor inquestionável e diferente, que só muito recentemente a M80 tem tentado copiar. Se, alguém que leia este apontamento quiser algo inovador, e retroactivo, contrate-me e surpreenda-se com as audiências!
O SUPERSÓNICO, embora emblemático, não foi o único programa que fiz. Havia um com música e palavras, outro com misturas e música de dança, outro com entrevistas em estilo magazine, onde contava com uma vasta equipa de amigos. Destes, destaco Ana Rosinha (pode vê-la no site da Rádio Onda Livre da Amadora); Carlos Gonçalves, primo do deputado Jorge Lacão; Graça Bento (voz magnífica) que, entretanto, emigrou e, o sempre presente nos últimos 30 anos, Carlos Vivo.
Rádio 11/Laser do empresário Chico Maciel, em 1985; Rádio 40 entre 1986/1987, onde lancei a Elsa Marujo e contei com o apoio de Jorge Andrade, co-fundador do M.A.N. Rádio Clube de Queluz em 1988 (onde conheci Carlos Raleiras); Rádio Galáxia, 1984; Rádio Mais em 1991; Rádio Regional da Amadora no ano de 1984; Rádio Onda Livre da Amadora - ROLA - 1985, onde conheci o Paulo Ideias que, quase 20 anos depois de pôr patins no euzinho, infelizmente, se arrisca a ser o sogro da minha filha mais velha. Azares do destino!
Rádio Nova Europa em 1986, por onde andava Rui Almeida, Canal 11 e o Jorge Gabriel da RTP 1. Finalmente, a Rádio Minuto, do Júlio Isidro entre 1989 e 1990.
Mas, se o SUPERSÓNICO foi um must, outros houve com ideias e formas diferentes de ser radialista: NEUZEN; BINÁRIO; TODOS AO MOLHO; MUSIKISSES; H2SO4; (corrosivo, agressivo e estapafúrdio); MÚSICA GIRA; EMISSÃO EXPERIMENTAL; O MEU PROGRAMA; TUDO & TODOS e POR ACASO AO ACASO.
Aproveitei o impacto e graças, mais uma vez ao meu mestre e incansável mentor Luís Pereira de Sousa, e do imitador Fernando Pereira, aprendi e apreendi o que é fazer televisão, na RTP como figurante e participante de passatempos. Com esta experiência adquirida entre 1983 e 1985 transitei para o boom das televisões piratas. Produzi, realizei e apresentei um programa de vídeo clips. Nesta época não havia licenciaturas, nem mestrados em comunicação e multimédia para se aprender a escrever com erros de português com fartura, tipo CMTV.
Entre 1986 e 1987, a Rádio Televisão da Amadora, transmitia todos os sábados depois das 23 horas e num canal UHF com sintonia próxima da RTP2, de forma clandestina, o SPLASH, que era feito nuns cenários inovadores, passava vídeos exclusivos do género da Europa TV e fazia reportagens estonteantes, num estilo poucas vezes tentado. A culpa da inovação foi do excêntrico e criativo SÉRGIO MOUTA, filho do empresário da área auto, dono da MOUTACAR, na Amadora.
Também, não posso deixar de referir a experiência, como paquete, na FILMARGEM, do produtor Paulo Branco, em 1987, que ajudou a personalizar, ainda mais, esse programa progressista e inovador.
Enfim, muita gente amiga e famosa que embarcou nos meus projectos e permitiram realizar os meus sonhos. Amigos de, e para sempre, bem hajam! 


Texto: Fernando de Sucena
Imagens: Arquivo/ProdutoresReunidos 


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