sábado, 5 de outubro de 2019

A REFLEXÃO


Conta uma lenda, com quase meio século, que o dia antes de botar o coiso na ranhura, serve para reflectir. Mas, reflectir sobre o quê? Não há nada para reflectir.
Objectivamente, o povo nunca devia votar porque não percebe nada de coisa nenhuma. A governação de um país é uma coisa séria e devia, por isso mesmo, ser efectuada pelos mais capazes intelectualmente. E nesta categoria não incluo políticos, pois esses são como o povo safam-se e estão-se marimbando para quem os coloca no poleiro. O mesmo povo, que estupidamente vota sempre da mesma maneira idiota. Em círculos, ou como iô-iô…
Passei umas divertidas horas a assistir a debates televisivos, sem som, porque não há paciência para ouvir tanta tontaria. E de que se falou para o bem da nação? De quase nada. Resumindo, é quase como aquela mulher da limpeza, preta, que temos por casa, que acha que é explorada pelos racistas dos patrões, e em vez de lutar pela limpeza da casa de forma a livrar-se do lixo, levanta a alcatifa e varre para debaixo desta. 

Ninguém falou, de re-actualizar as pensões dos reformados por invalidez e acidentados de trabalho, altamente prejudicados com cortes brutais disfarçados de factor de sustentabilidade (esses desvios servem para pagar subvenções vitalícias…), discriminando portugueses, uma vez mais.
Ninguém falou, de americanizar as regras da imigração, restringindo-as e peneirando, cuidadosamente, quem chega, impedindo que qualquer coisa se venha neste país.
Ninguém falou, da generalização da igualdade entre todos os portugueses, consagrada na Constituição e que leva à sectorização dos interesses dos diferentes lóbis existentes apoiados ou não pela maçonaria.
Ninguém falou, que não se devem apoiar minorias pois, desta forma, estão a descriminar-se os restantes que não integram essas mesmas minorias.
Ninguém falou, em despedir, exonerar e despromover o muito excessivo número de executivos, chefias intermédias, quadros, assessores e puxa-saco que se arrastam pela Função Pública, depauperando o erário público, num exercício estalinista de burocracia.
Ninguém falou, em dar formação, em gestão de produção em burocracia, para ultrapassar o atrofio que os vários simplexes trouxeram ao dia-a-dia dos portugueses, bem como ninguém disse que se torna necessário e imperativo desligar o complicador.
Ninguém falou, do trabalho escravo na Justiça (que não juízes), da Saúde (que não médicos e enfermeiros), Educação (que não professores) e na Segurança Social (que não directores e coordenadores), onde cada vez mais o papel se reproduz, na proporção directa dos disparates e inabilidade das chefias e directorias.
Ninguém falou, da necessidade de ter saúde oral e mental gratuita e acessível para todos, pelo que se deduz que só as análises ao sangue e operações estéticas a deformados mentais transgénicos é que são parte do Sistema Nacional de Saúde. Uma vez mais, os portugueses são desigualados, porque gastam-se milhares de euros para mudar uma pila, enquanto alguém morre com aneurisma.
Quase ninguém, falou do erro que constitui a legalização das drogas leves, pesadas e assim-assim, bem como de outros aditivos incompreensíveis, como sejam a homossexualidade, o bloquismo, a nomofobia e outros viciantes estúpidos.
Poucos falaram, da redução do número de deputados e do serviço público gratuito de quem é eleito para servir o país. Ser-se político não deve ser profissão, nem tampouco trabalho a prazo. Viver do povo para não retribuir é, no mínimo, proxenetismo social.
Poucos falaram, de os partidos passarem a não receber nada com os votos que lhes são dados. O povo é estúpido e trabalha de borla para os partidos. Alguns. Os outros são discriminados.
Poucos falaram, da burla eleitoral que consiste a eleições parlamentar, assente num sistema falacioso que despreza parte significativa dos votos expressos através de artimanhas com nomes engraçados como sejam: círculos nominais e método de Hondt,  que têm como único objectivo beneficiar os grandes partidos (financiados por todos, mesmo os que não votam) em detrimento dos pequenos e inovadores partidos, sem representação parlamentar.
Poucos falaram, em eutanásia, da castração para violadores, pedófilos, da pena de morte, ou da prisão perpétua, para assassinos em série, e outras categorias de parasitas e de escória delinquente existentes, alguns deles com apoios do Estado.
Poucos falaram, da necessidade de repor o respeito e a ordem públicas, sem restrições aos agentes da polícia e a alguns outros funcionários públicos que têm como função principal manter a ordem social e servir a nação. A polícia não é criminosa, os prevaricadores é que são perigosos e não merecem contemplações.
Poucos falaram, de um novo golpe de estado para repor o que o outro, mais antigo, nos trouxe de mau, de destrutivo e de bárbaro.
Quase ninguém falou, da necessidade de alterar a Constituição e restringir a legislação e os códigos do Direito Penal para evita a bandalheira que se vive na Justiça.
Quase ninguém, falou do crescimento da divida soberana, ao ritmo de 5 mil milhões por ano, ou da manipulação das estatísticas, ou dos inquéritos tendenciosos nos resultados.
Quase ninguém falou, de defender e proteger os delatores que falam verdade e que revelam tudo o que de podre e ilegal se faz dentro do/no/e para o Estado.
Assim sendo, não existe muito para reflectir, pois não vamos conseguir por um país destes às direitas.
Dia 6, vote na merda do costume e não se queixe por ter, outra vez, escolhido erradamente. É preferível exercer o seu direito de não votar, que é dos poucos direitos que ainda restam, e quase ninguém falou.
Bom exercício do dever cínico. Chega!!!

Texto: Fernando de Sucena
Imagem: P.H.M.

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