quarta-feira, 9 de outubro de 2019

A CABALA DA VIDA


Este não será um texto propriamente acerca dessa estranha forma judaica de interpretar os testamentos divinos. Da mesma forma, não será sobre numerologia, que alguns definem como culto adivinhatório.
Será um misto de tudo isto, com pinceladas de matemática, aritmética e estatística. A grande novidade, é que a estatística pode ser manipulada, fazendo depender os resultados dessa movimentação nada randómica, de encontro aos pressupostos do cliente. Ah, pois!
Mas, vejamos, em 58 anos de vida a que se pode reduzir a minha existência…
Em 1961, nasceram 217 516 bebés, ano somente ultrapassado pelo seguinte com 220 200, sendo que a taxa bruta de natalidade, segundo a Pordata (obrigado Alexandre Soares dos Santos) foi de 24,4 apenas, uma décima abaixo da, de 1962. Mais meninos do que meninas, porque nessa época as pessoas eram normais, só havia dois sexos e algumas aberrações da natureza.
Em 1961, bastavam 3 mães para terem 10 bebés.
Os meus nomes próprios com os apelidos, de origem, são simétricos, em número de vogais e consoantes 13/13. Também, treze letras, para os dois apelidos, e, 13 para os dois nomes próprios. Com um novo apelido continuou equilibrado com 16/16. Curioso.
Aos 58 anos terei vivido 501 120 horas, das quais 9 162 passadas como formador e 6 888 como formando.
Gastei 3 412 horas a jogar desde flippers, passando por smartphones, PCs, slotmachines ou raspadinhas.  Despendi 12 070 horas em viagens (não incluo as perdidas nos transportes públicos, nem nos engarrafamentos da IC 19). Estive, 146 hospitalizado; 720 internado; 92 em audiências judiciárias e 18 horas (100%) a conduzir sem carta, nos anos 80. Já passei 6 974 horas a fazer amor (290,5 dias) excluindo as que não me lembro por estar bêbado, por exemplo. Se, cada acto demorar, em média, 20 minutos, tempo útil, (salvo se for mais rápido por causa dos maridos), isto significa 20. 922 pirafos.
Até fazer 58 anos (se não morrer antes) terei vivido 1 392 meses, dos quais 21 deles passados no cinema; 8 em discotecas a bailar; 10 meses a trabalhar em discotecas; 13 meses a operar vídeo e fotografia; 1,5 meses no barbeiro a rapar a cabeça; 3 meses a gravar músicas originais e 7 meses envolvido activamente na política.
Passei 5,2% da minha vida a comer no Mc Donald’s; 12,8% a trabalhar na área da saúde; 68,9% a trabalhar como gráfico/designer/artista. Passei 91,3% da minha vida como deficiente com a percentagem a aumentar; 27% do tempo a tentar resolver conflitos jurídicos; 77,5% a ler; 82,7% a escrever; 48,5% a ver e admirar pornografia e gajas nuas.
Estou a passar os 20,7% de casado com a mesma pessoa. Já consumi 32,7% da minha existência a comunicar sob todas as formas; 17,3% a locutar na rádio; 21,4% dedicado ao ensino; 51,7% passado e vivido com os pais; 12,6% passado sem convívio com os filhos; 5,17% a residir no estrageiro; 72,4% passado na Amadora; 55% do tempo ligado a projectos empresarias; 63,8% do tempo de vida na liderança do CEDECA; 18,3% de tempo de vida a aturar enteados; 44,8% a aturar a bestialidade e a violência doméstica da ex-mulher; 13,7% do tempo passado como reformado; 31% da vida sem trabalhar; 51,7 % a trabalhar que nem cavalo e a descontar às carregadas para sustentar toda a casta de parasitas criados pela esquerda; 72,4 % do tempo gasto e investido a apoiar a extrema-direita e a direita liberal.
Com as eleições da última semana, tenho uma participação de 50% em actos eleitorais.
1/4 das obras escritas são poesia.
2/3 da vida estive solteiro.
Contribui com 50/50 para o sexo M e F dos meus descendentes, mais eficaz que as quotas por decreto.
Poderia referir muitos mais números mas optei por deixar alguns segredos para mim mesmo. Não me recordo e não me quero recordar do tempo que passei a fumar, a beber, a despir e a vestir roupa, a conviver com os amigos mais próximos, nem o tempo passado na piscina ou na praia, nem tampouco as toneladas de carne que já comi, contra as dezenas de verduras…
O último número interessante é o referente ao gasto de 3 horas a construir esta barbaridade que acabou de ler.

Texto: Fernando de Sucena
Imagem: Google


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