Foi bonito e é sempre bonito.
Não natal em si, que ao longo das últimas épocas tem vindo a perder a sua essência, a sua matriz milenar e o fator de união familiar, no mínimo nestes três dias que cercam o 24 de Dezembro.
É-me indiferente o motivo religioso, de qualquer religião, no que aos feriados e dias festivos diz respeito. Sou agnóstico convicto. Ponto!
Porém, vivendo em sociedade e cooperando neste espírito de cinismo mascarado, até alinho em algumas iniciativas que não estejam diretamente envolvidas com consumismo idiota.
Vem este palavreado a propósito da iniciativa, habitual nos últimos anos, da Câmara Municipal de Lisboa, apoiada pela Associação de Comerciantes da Baixa de Lisboa, chamada Comboio de Natal. É uma viagem por algumas ruas de Lisboa entre o Rossio, a Praça do Comércio e regresso, onde é possível ver as iluminações de natal,noutro ângulo.
Durante cerca de 20 minutos, menos do que o tempo de espera na fila para o acesso gratuito, podemos apreciar as diferentes composições que enfeitam as ruas mais conhecidas da baixa. Depois das 17:30 quando elas são ligadas o espetáculo é bonito. O mais interessante é, sem sombra de dúvida, a gigantesca árvore natalícia, colocada na Praça do Comércio.
O mais entristecedor, é o mau estado em que muitos dos imóveis se encontram. É triste, não só por dar uma má imagem da capital, mas porque os mais velhos ainda são tempo em que a Baixa era sinónimo de inovação, de movimento, de segurança e de beleza. Agora, apesar do diluimento da visão causado pela noite, é deprimente, ver a Baixa transformada em capital do Bangladeche, com lixo e obras por ali afora.
De qualquer forma, é sempre uma sensação diferente ver a cidade nesta quadra. Experimentei, a possibilidade de percorrer as ruas com esta iniciativa, na companhia da minha mulher, e como alfacinhas, tocou-nos ainda assim.
Para o ano há mais, e quiçá, repetiremos.
Fernando de Sucena
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