terça-feira, 4 de maio de 2021

SOU DO TEMPO EM QUE…

... Os vizinhos se apoiavam e respeitavam, apesar de algumas quezílias. Os tempos mudaram. Agora é cada um para seu lado e a estragar, o ambiente de bairro, os edifícios e tudo o mais…

… Os importados que tínhamos vinham em busca de tranquilidade e trabalho. Os tempos mudaram. Agora, qualquer merda arraçada vem para cá pra viver à conta dos que já cá estavam e esmifram a nação de recursos e da riqueza, parcos, que temos.

... Discutíamos, falávamos e enfrentávamos os problemas cara a cara. Agora, escudam-se atrás de um qualquer écran feitos papalvos, dementes e retardados mentais na esperança que os pais lhes resolvam as ‘cenas’.

… Os juízes ajuizavam com consciência, fazendo todos sentirem um sentimento de justiça. Agora, trabalha-se por objectivos e por defesa dos arguidos mesmo sendo culpados. Acresce ainda que, até fazem greve e são funcionários públicos, logo manietados pelos políticos.

… A educação e a correcção educativa eram dadas com umas palmadas e uns responsos altamente eficazes, quer para os pais quer para os filhos. Agora, andam por aí umas esquizóides frustradas com a mania que são especialistas em mandar nos filhos dos outros destituindo os progenitores (designação oficial para comparar pais a animais) das suas reais funções e ajudando os jovens e crianças a desvairarem pela vida…

… Respeitávamos Deus, Pátria e autoridade. Bem como os pais e a família! Não sou destas malparidas gerações recentes que nem eles próprios respeitam quanto mais o resto.

… Os quartéis tinham guaritas, rondas e armas que metiam respeito. Agora andam cheios de medos, fecham as portas à noite, passeiam armas sem munições e cagam-se todos por andarem sozinhos a tomar conta de uma propriedade que lhes paga o ordenado.

… Os professores ensinavam, educavam, eram mais-valias e ajudavam a crescer. Os, de agora, querem ser efectivos, e estão-se nas tintas para a juventude. Também com labregos destes…

… Havia poucos incêndios porque, além de não ser um negócio, o interior tinha vida. Agora, tentam-se bater recordes de área consumida, número de incêndios, prejuízo, mortos e mais importante, milhões de euros queimados em porcarias de prevenções que nada preveem e servem, apenas para encaixar os imbecis despejados politicamente.

… Respeitávamos as pessoas e cuidávamos dos animais! Agora anda tudo o que é mandante a defender os animais e a esquecer os outros que também, o são, e lhes deram vida…

… Andávamos em escolas com pretos e brancos e a canalha entendia-se, não havendo descriminação, racismo ou intolerância! Agora, é com cada macaco mais ordinário a achar-se importante e a destruir o que lhe é servido de bandeja.

… Pretos e brancos trabalhavam em prol do mesmo objectivo: Ajudar o país, o desenvolvimento. Agora, os velhos ainda trabalham e, os pretos novos andam a esfrangalhar e a rebentar som os brancos que, por sua vez, são uns parolo do pior achando-se iguais a uma espécie inferior.

… Os políticos governavam, não espoliavam o país, nem enriqueciam a roubar a populaça. Agora, somos liderados por uma horda de vigaristas, mentecaptos e convencidos que destroem o país levando-nos para o abismo.

… Homem casava com mulher, branco com branco e preto com preto. Agora qualquer animal anda com outra cor qualquer desgraçando a genética e ambiência.

… Tínhamos mãe. Agora, os jovens têm parideira. Dão à luz e perdem o controle da situação, da educação, e dos futuros agressores domésticos…

… A polícia era autoridade e os que havia chegavam para manter a ordem. Agora, por muitos que haja não impõem coisa nenhuma e têm de contratar seguranças, vigilantes e paramilitares para tomarem conta das esquadras. Isto é extensivo à GNR.

… Havia negociatas escondidas com os Bancos e tínhamos a PIDE mas não se roubava de maneira descarada e vil. Agora, não temos, infelizmente a dita, mas, os Bancos a Segurança Social, o SEF e o Fisco possuem redes de vigaristas e burlões que depauperam aos milhões o Estado, independentemente do estado de coisas.


 … Não havia partidos mas, havia oposição e as decisões eram em favor da Nação. Agora, temos escolas de vigaristas, burlões e corruptos chamados partidos políticos.

… As fufas, os panasquitos e outras aberrações abichanadas, viviam escondidos nas suas tocas. Agora, exibem de modo ordinário, demente, aberrante e paranóico a doença mental que transportam. Mudanças não da sociedade tolerante, mas sim destes estranhos seres, deficientes que vivem contra-natura.

… O tio Oliveira, ou Doutor Salazar nos valia. Agora, que nos poderá valer, não a nós mas, a estas espécies perturbadas é o PAN – Partido dos Animais e Natureza. Sim, o ‘P’ de pessoas não pode ser misturado com os animais…

… Era bom ser daquele tempo, viver naquele tempo, e ter orgulho daquele tempo. Má nada!

Apetecia-me ilustrar este texto com uma imagem do Bordalo ou similar, mas… sou do tempo em que o decoro e a educação se sobrepunham à raiva. Agora, estes mancebos retardados já nascem com o ‘chip’ do usuário tecnológico e com o dicionário da asneira boçal instalado em upgrade.

... Os juízes eram coerentes. A cada crime sua pena independentemente da escolaridade do juiz, porque a jurisprudência era norma indiscutível. A única aberração era a pena política que, convenhamos, era exagerada, mas agora a constituição tão apregoada também penaliza e muito. Os juízes decidiam não só em consciência como em avaliação ponderada. Não é como agora, em que tantos anos de pena suspensa, apanha um homícida de 10 pessoas como um pedófilo, um abusador, um assaltante ou agressor de polícia. Prendem-se os polícias para evitar conflitos com os criminosos.

… Os jornalistas viviam pela profissão, arriscavam pelo gosto da aventura, e escreviam pela mais-valia que eram em termos de informação e de alerta. Não eram como os de agora que vivem dos ordenados aberrantes e ofensivos de grupos de média, favores políticos e omissões politicamente correctas. Ou seja, a informação já não existe. O que existe são crónicas de maldizer com mais ou menos mediatização de advogados que manipulam e direccionam a opinião pública para os objectivos discordantes ou não da política vigente. Passou-se jornalismo para o jornalixo…

… Os livros de aventuras e banda desenhada eram quase inofensivos e despreocupados que cumpriam a função para os quais eram criados: entreter, despertar a imaginação e criar vontade de discutir e recriar, embora não nos revíssemos na personificação dos personagens. Agora, nestes tempos modernos tudo roda em torno de violência quase gratuita, de modelos impensáveis e de histórias aparvalhadas e que fazem com, que adultos falhados queiram ser treinadores de Pokemons, motoristas de Transformers ou convivas de Barbies.

Não encontrei Desenhos, Banda Desenhada ou Bonecos Animados, instrutivos nos anos recentes. Só imbecilidades que atrofiam ainda mais as já de si atrofiadas crianças ou crianços de agora. Por amor da santa… de Comba...

… Os nomes da catraiada eram comuns, pesados e autoritários como Adolfo, Emengarda, Manuel, Maria, João, Celeste, António, de influência latina ou grega que o Regime permitia. Agora, o regime impede os nomes que queremos mas o que se escolhe para a filharada não tem nada de tradicional e é assente em derivações de originais. Desse tempo ainda restam os nomes das nossas avós e dos nossos avôs alguns dos quais nem sequer sabíamos existir (como Péricles ou Ulema) até os ouvirmos pelos altifalantes das salas de espera carregadas de velhadas e doentes…

... Os bancos pagavam alguma coisinha por termos lá as nossas economias. Agora cobram comissões até por termos nascido. Oportunistas e usurários. Por isso a santíssima trindade agora ser santíssima dupla: pai e filho! O espírito santo faliu….

... Os ciganos viviam nas barracas, gamavam e andavam com facas no bolso, a gente sabia e vivíamos longe dessa gente e comprávamos as coisas que eles vendiam. Agora têm a mania que são iguais aos outros vivem do RSI e doutros subsídios, vendem marcas falsificadas e assim duplicam o rendimento, sem recibo e sem facturas ou impostos…

... Nas escolas havia secretarias em que se tratavam dois papéis e das informações dos alunos trabalhadores estudantes. Agora chamam-se serviços de administração escolar e fecham às 16 horas e que se lixem os que tem de estudar de noite…

 

Volta Salazar esquece as esquerdices maradas pois já estás perdoado. Agora é mais perigoso ir a tribunal do que cometer um crime. Fantástico. Viva este país de brincadeira a que chamamos Portugal, que nem daqui a dois séculos será realmente um país a sério. Também com os políticos que temos... 

Mais informação (às carradas em): 

https://xokmagazineblog.wixsite.com/xokmagazine

https://issuu.com/lusorecursos/docs

 

Texto: Fernando de Sucena

Original publicado no BLOG XOK

 

O MANEL DA COISA E A MARIA COISO.

 

Sempre fui uma pessoa muito dada e assim coiso, sempre gostei de festas e coisas assim com os outros. Vou-vos falar de uma coisa assim a modos que especial...

Conheci um casal, assim para o coiso: O Manel da coisa e a Maria coiso. Assisti ao pedido de namoro de ambos os coisos. Encontraram-se no coiso da Baixa e como se conheciam e coiso e tal, o Manel perguntou-lhe:

- Olha eu coiso e tu coiso, não queres coisar comigo?

A Maria coisa, toda cheia de paixão e coisa e tal, respondeu-lhe:

- Sim, como nós os dois já somos grandes, independentes e coiso podemos muito bem coisar.

Dias depois, estava eu a passear com ambos e a fazer de pau de coisa, a Maria encontrou uns amigos dela no coiso do Rossio, e apresentou-o a ele, como sendo o seu coiso, o coiso da sua vida. 


 Uma das amigas da Maria, uma tal Antónia qualquer coisa, começou a olhar para o Manel assim meio coiso. Desconfiando das segundas intenções da gaja, pôs-lhe o dedo no coiso à bruta, quase lhe enfiando o dedo no coiso esquerdo, dizendo:

- O Manel é o HDMV e não admito coisas com ele, ouviram suas coisas!

A coisa acabou ali logo, e seguiram o caminho pela rua do ouro ou qualquer coisa assim, de mãos dadas e coisos entrelaçados, como dois namorados ainda frescos e coisos.

Soube que tiveram uma cosinha, pequenina, chamada qualquer coisa. Cristina, cheia de coisinhos no cabelo castanho, rechunchuda que nem um coiso. Enfim, era a coisa chapada da mãe.

Deixei de ver ambos os coisos, mas, julgo que ainda coisam os dois. Por isso, não posso acrescentar muita coisa, sobre a relação do Manel da coisa e da Maria coiso. Mas, uma coisa é certa, quando se trata dum casal tão coiso, muito pouco ou nada se pode alterar as coisas como são. Será sempre preciso muitas coisas assim, para a coisa, para estragar um amor forte e assim coiso. Coisas!

                                                                                

Texto: Fernando de Coisa

A coisa ilustrada: Google

 

DANTES ERA ASSIM

 

Muito se fala dos internamentos e dos serviços muito sobrecarregados do SNS. Todavia, quando eu era pequenino, estava o actual Serviço Nacional de Saúde acabadinho de nascer, pelo que não eram normais as idas aos hospitais e a outros centros clínicos, exceptuando, pasme-se o S.L.A.T., onde eram realizadas micros por causa da tuberculose, e os centros de vacinação que constituíam uma inovação avançada, para a época e os latários. Quanto aos tratamentos era comum quando a bronquiolite, bronquite ou gripe abusava, pôr-se emplastros de algodão com álcool no peito, durante a noite, e para cúmulo colocava-se uma toalhita de turco, por cima do pacho alcoolizado.

Nos casos de entupimento intestinal, para ajudar a limpar a tripa, davam-se clisteres, que era água fervida despejada de um gênero de garrafa invertida com um tubo e uma torneirinha na ponta que se enfiava pelo olhinho do esfincter acima. Passados uns poucos minutos, era ver a larada a sair, em forma de guarda-chuva. Também, era comum, desinfectar a água que não era canalizada e tratada como agora, com lixívia, na proporção exacta de 2 gotas de lixívia por cada litro de água, caso não fosse possível fervê-la.

Para dar força, quer a começar o dia despertos, quer para convalescença, éramos mimados com sopas de cavalo cansado, ou gemadas, que consistiam numa bejeca preta, com uma gema de ovo e açúcar amarelo, em dose cavalares bem mexidinho. As gajas tomavam muito disto no pós-parto, depois de um espancamento dos maridos ou para compensar a fome que havia, diz-se, na época. Os mais sortudos comiam farinha 33 ou Amparo, com leite de vaca directamente da verdadeira fábrica de leite - a vaca -, que tinha nata às carradas, e por vezes, eu, ainda o bebia morninho depois de desnatado, num fervedor.

Mas, havia mais tratamentos curiosos do tempo das nossas avós ou bisavós.

Colocavam-se caracoletas em cima dos furúnculos, e eram amarradas com ligaduras, mantendo-as em cima da coisa. Passados uns dias, restava um tecido esponjoso a cobrir o buraco onde, outrora, se erguia um altivo e feio sinal caroçudo.

Também se usavam ventosas para tratar pneumonias e doenças de respiração. Punha-se um frasco, parecido com aqueles dos patés Bocadelia, com um algodão embebido em álcool, a arder. Quando acabava de queimar, o vácuo fazia com que a carne empolasse, e arrastava, deste modo, para fora ‘o mal’.

Sem que tenha pretensões a escritor de um manual de mezinhas da velhada, vou recordar algumas coisas que se faziam com o maior desplante e que nos permitiram chegar a esta época alucinada, vivos e de boa saúde. Vejamos, mais.

Quando histerizávamos, por causa das hormonas, das birras, das neuras ou dos nervosos, era-nos dado chá de flor-de-laranjeira, para acalmar. Não havia nada dessas paneleirices de comprimidos de Xanax, ou Prozac, ou outras cenas aditivas. Era tudo, muito natural, pelo que, a naturopatia de agora, é nada mais, nada menos do que a continuação do que se fazia à anos. Ó, sei lá!

Era como a maldita gripe. Nada de vacinas que tornam as pessoas dependentes, e enriquecem os laboratórios. Era engolido um chazinho cascas de limão, temperado com mel e um Melhoral. Também, as gripes e constipações, queimavam-se umas folhas de eucalipto e snifava-se os fumos, para aliviar o ranho que se acumulava na penca, garganta e anexos.

Para combater as lombrigas, maleita intestinal, tratavam-se, as ditas, com drageias de alho. Como elas fugiam do alho, tal qual os vampiros, era trabalho maternal, colocar a canalha de bruços, no regaço, como imaginávamos, pela leitura do Salazarento livro da 1ª classe, e pacientemente puxar as ditas pelo buraco anal com ganchos de cabelo ou agulha de croché. Estes bichos, familiares, miniatura das ténias e cobras, desenvolviam-se na pança por causa de os legumes não serem correctamente lavados.

O que se chama agora de conjuntivite, era nos meus tempos de meninice ter olhos inflamados ou ramelosos, eram tratados com água de rosas, mas quando as sensuais flores não eram tratadas com produtos químicos. Quando apareciam as otites, em vez de produtos caríssimos como o vulgar Otoceril, era pingado para o buraco, azeite morno. Passados uns momentos, além de, realmente acalmar, ficávamos com um travo amargo na garganta. O mesmo azeite servia, pasme-se, para lubrificar um pequeno e fino talo de couve, que se introduzia suavemente no rabito dos bebés, para fazerem aquele queridinho e cheiroso cocózinho.

O sarampo era tratado com uma luz vermelha, ou panos vermelhos em volta dos candeeiros, para a doença se ir embora. Se, depois, as pessoas adoentadas estavam fraquitas, dava-se óleo de fígado de bacalhau para reforçar as defesas do organismo e compensar as vitaminas e os sais que faziam falta para compensar os desequilíbrios da dieta mediterrânica. Esta era devorada, à bruta, desde pequenos (dobrada feijoada, cozido, rancho, arroz de fressura, arroz de cabidela, bacalhau cozido, mão de vaca, etc., tudo com muito azeite e sal). Que se lixasse o colesterol, os diabetes, a obesidade, as gajas chatas e os gajos bêbados. Também, as crianças de pequenitas comiam mioleira cozida e canja com galinha gorda, que fazia espuma engordurada que até agoniava.

Para se desinfectarem as feridas expostas ou pequenos incisivos, o procedimento era mais ou menos o seguinte: Lavava-se a área com sabão azul e branco, só mais tarde se começou a usar a água oxigenada, após o que se colocava tintura de iodo para ajudar a sarar. No caso de mais golpeada colocava-se sulfamidas, para ajudar e acelerar o crescimento da crosta. Ah! A tintura de iodo era, igualmente, utilizada para esfregar no couro cabeludo, para tentar travar a queda do pêlo.

Em casos mais graves e complicados eram recurso os famosos supositórios. Eram a solução mais comum, e os Dolviran tinham um cheiro irritante e característico. Quando se demorava mais tempo a evitar o acesso do pequeno foguetão, além de uma bofa na tromba, a prendada mamã, ainda sentia derreter-se aquela coisa peganhenta nos dedos, aumentando, em muito, o aroma do mesmo, espalhado pela casa. O maior perigo dos supositórios, foi a criação, por parte de alguns fulanos e fulanas, de um inusitado vício, anti-natural: O vício de acharem que tudo o que for introduzido atrás resolve e cura...


 

https://www.saborintenso.com/f67/arroz-fressura-40301/

 

Texto: Fernando de Sucena

Imagens: Google

 

A ÉPOCA

 

Portugal é, pelos motivos abaixo indicados, o país mais organizado do mundo, só que, sendo os herdeiros Afonsinos, um bando de maus cidadãos, maldizentes e contra tudo o que quer que seja, não reparamos nas magnânimas sociológicas que disfrutamos.

Somos o único país do planeta, aliás do universo e arredores, que tem a época dos fogos. Ai de alguma fagulha que apareça fora das datas programadas pelo governo. Não pode haver foguinho nenhum, excepto o fogo no cu, fora da época de Maio a Setembro, mais dia, menos dia, de acordo com as especificações ministeriais publicadas em portarias.

Portugal é, igualmente, o único país da Europa e quiçá, do mundo, onde existe a época balnear, pelo que só nos podemos banhar na praia, nas datas previstas por legislação governativa. Fora disso, é acto irreversívelmente condenável, e diria mesmo condenável pela sociedade que, invejosamente, é contra os desobedientes seguidores das benesses de Rá.

Mas, neste país temos a época das gripes que só podem ser contraídas no Inverno. Sendo o vírus incubado, mesmo que acidentalmente, em época não prevista, o enfermo passa de doente a sacana, num ápice, porque não está a cumprir as regulamentações normativas impostas pela DGS que, pressupõem a inibição da síndrome, de sintomas ou, da doença de facto, fora dos prazos estipulados. Estranhamente, neste caso, não estamos sós mas, alinhados com mais uns tantos países praticantes da ‘épocaria’

Onde estamos a caminhar em sentido contrário, aos outros, e a este ritmo seremos únicos por não ter época específica é na época da caça e, pronto, vou ser dúbio, com a tauromaquia. Existem épocas próprias para caçar animais, aves, aberrações humanas, gambusinos e sei lá mais o quê. Não deixa, contudo, de ser uma época regulamentada por desgovernados governos e ditaduras democráticas de esquerda, de direita e do centro.


 

Somos, uma vez mais, o único, ou, vá lá, uma das raras nações, que tem a época de exames numa altura em que outros países já estão a carburar em pleno no estudo, por muito complicado que isso seja de descrever ou explicar. É que, no que aos exames diz respeito, sendo uma época pré-estabelecida, o contra-senso é o incumprimento, do cumprimento, por parte dos governos desse mesmo calendário.

Todavia, existem outras épocas com vasto interesse para uma visão periférica da organização exemplar de Portugal, onde tudo é efectuado por marcações e períodos de cumprimento.

Outra época que está devidamente contingentada é relativa às campanhas eleitorais. Trata-se de uma actividade desnecessária porque, a verdade seja dita, essa malta promove-se durante o ano todo, pelo que esta temporada, não tem justificação. É quase sempre um período frouxo, em que com o passar dos tempos, as ofertas e brindes se extingiu quase por completo. Por isso, reza a história, esta era uma época de ouro para o sector tipográfico (quase em exclusivo tipografia e serigrafia).

A época das campanhas eleitorais e/ou de saldos, são muito semelhantes, porque apostam na promoção do refugo, sendo que com essa paupérrima e miserabilista visão do condicionamento sectorial, perderam todo o sentido e, por isso, foram épocas que já tiveram a sua época épica.

A tradição mantém as épocas tradicionais festivas, normalmente associadas às celebrações religiosas. Na sequência desta ideia, surgiu a comercialista época dos festivais, que decorre no período de verão. É uma outra época, adorada pelos tugas que escorre pelo tempo e marca um ciclo anual. Não se podem fazer festivais de música nem de performances (nome estranho para desempenhos de palhaçadas pseudo-culturais) sem ser no período da primavera ao outono. É outra época que afecta a malta, porque não se podem fazer festivais de estio em plena queda de granizo, pelo não ousem fazer festivais de Verão, fora do período previsto.

A seguir temos outra época implicitamente parva: a época do circo. O circo tem uma época própria, por que carga de água? Porque é que só podemos assistir a uma concentração de palhaços profissionais, entre Novembro e Fevereiro? Além do mais, todos os dias assistimos a palhaçadas, principalmente dos políticos e quejandos, sem nenhum enquadramento legal.

Por isso, é que Portugal é um país arrumadinho, eficiente, e altamente orientado, pois tudo tem a sua época.

O que significa época? Segundo o dicionário Priberam on-line, época significa: Tempo ou momento histórico em que um facto notável sucedeu; Sucesso notável escolhido para uma divisão do tempo (Era); Período de tempo com relação aos factos de certa natureza que nele sucedem ou sucederam; Período do ano (Quadro); Divisão da escala de tempo geológico, superior à idade e inferior ao período..

 

Texto: Fernando de Sucena

Imagem: Google