quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

O QUE LIA QUANDO ERA JUVENIL/JOVEM II


Volto ao assunto de crónica anterior, pois a vida de leitor é assente em centenas, senão milhares de páginas pelas quais deslizaram os olhos que gravaram algumas linhas na memória.
Quanto mais se cresce, mais assuntos despertam a atenção, mais leitura se consome, mas com o advento da Internet e dos ebooks, a produção literária aumentou e dispersou a temática. Mantive o hábito de ler em suporte papel. Quando comecei a fazer recensão literária, direccionei todos os livros avaliados para a biblioteca do CEDECA, e existiram obras imperdíveis. E revistas enigmáticas, também. Todavia, isso foi numa fase da vida em que era bem mais grandinho.
Apesar de ter tido uma educação rígida, mas liberal de classe media baixa, sem restrições no que toca aos gostos, fui sempre um pouco politicamente errado. E, essa forma de vida e de estar, além de problemas, fez com que me tornasse muito radical nas artes, sobretudo, em relação ao sexo e à composição musical.
Não posso deixar de falar de revistas ou jornais, ou livros, pois desde júnior que, sempre me liguei ao papel e às artes gráficas. Recordo a ÉLAN, do meu amigo fotógrafo já falecido Peter Machado.
Do Brasil, comecei a ler e a comprar a fantástica BIZZ, onde reciclei os meus conhecimentos da música brasileira, em especial o pop/rock, soterrado, entretanto, pela Lambada e ondas mais dançáveis do Nordeste brasileiro. 
 
E num ápice, chegámos ao adultismo, nos anos 90. Mesmo no final da década, coincidindo com a faceta da formação, tornei-me leitor fiel do DIÁRIO DESPORTIVO, com distribuição gratuita e diária e dirigido pelo comentador desportivo Fernando Correia.
Continuei a ver e a rever a GINA e a TÂNIA, da puberdade, passada às escondidas dentro dos livros de matemática. O CEDECA dispunha, quiçá, da única secção especializada em pornografia gráfica do país. Mais tarde surgiram jornais semanais, quase todos de um grupo editorial, com sede na Venda Nova, na Amadora: SEXUS, SEMANA ERÓTICA e CLUBE PRIVADO, em português, e uns tantos de origem estrangeira. 
 
O semanário O INDEPENDENTE, o DIABO, o TAL & QUAL, e a revista UMBIGO, eram igualmente leitura indispensável. O mais curioso foi o facto de que, o que aparentemente era inovador, para uma certa franja de leitores, já nos anos 80, o jornal O PONTO, gerado e editado na antiga capital do jornalismo (o Bairro Alto), tinha no prelo.
 
A década de 80, do século XX, foi pródiga em revistas e jornais. Os regionais eram às dezenas. Um pequeno jornal empresarial marcou um momento, sobretudo pelo nome: GRAU ZERO. Mas, o grande nome foi o ESPAÇO T Magazine, financiado pela antiga Torralta. Pois, é! Revista de grande qualidade gráfica.
Já antes, eu colecionava o exótico NOSTRA, que abordava temáticas pouco comuns e rivalizava com o inesquecível JORNAL DO INCRÍVEL quase todo criado por esse prolífero escritor chamado Roussado Pinto, mais conhecido como escritor de policiais, com o pseudónimo de Ross Pinn. Existia ainda, a GALÁXIA 2000, nesta área da informação de grande tiragem.
Recordo ainda a MAXIM/MAXMEN; a revista FOTO; a revista do ACP; a MAIS ALTO, da Força Aérea Portuguesa, e o Boletim dos TLP que guardava religiosamente, ou não fosse um boletim das actividades da empresa, onde o papá trabalhou durante décadas.
E foi a partir desta base heterogénea, que se construiu uma biblioteca privada, com alguma dimensão na Linha de Sintra.
No entanto, os títulos eram inúmeros e a longevidade, maioritariamente de curta duração. Enquanto houve biblioteca do CEDECA, todos estes títulos estavam por lá para consulta dos interessados. 
Livros em leitura? Poucas dezenas dos quais destaco alguns realmente interessantes e com grande conteúdo implícito. Miguel Esteves Cardoso. Edson Athayde, SEX de Madonna, anuários de Formula Um e alguns de automóveis da Talento editora.



Texto: Fernando de Sucena
Imagem: Google e Arquivo/Produtores Reunidos

O QUE LIA QUANDO ERA JUVENIL/JOVEM I


Entre os meus 10 e os 21 anos lia tudo, o que encontrava, que tivesse letras e imagens. Até meados dos anos 80 as revistas eram basicamente ilustradas com imagens a preto e branco.
 
Nos primeiros anos da puberdade, às escondidas, era excitante, em todos os sentidos, ver e utilizar a saudosa GINA. Depois, uns anos mais tarde, ao estudar francês comecei a apreciar o erotismo da LUI e da PHOTO. Com a experiência jornalística, na área do automobilismo, em geral, a desenvolver-se em pleno, tornei-me leitor assíduo da L’AUTOMOBILE, e o aprofundar do italiano com outra revista, desta feita essencialmente dedicada ao desporto automóvel AUTO SPRINT. Antes disso, uma das primeiras experiências de humor sublime do outrora famoso, por outros motivos, Carlos Cruz, deliciava-me, mensalmente, com a MÁQUINA, experiência inovadora, que durou alguns meses.
No campo musical, finais de anos 70 e meados dos 80, MÚSICA MÚSICA, MÚSICA & SOM, a francesa SALUT, onde aprofundei conhecimentos sobre a nouvelle vague pop francesa. 
 
A SCIENCE & VIE, era uma das mais conceituadas revistas e tecnologia e ciência a circular em Portugal, pelo que sem hesitações, devorava quase todas as páginas, sobretudo, nas bibliotecas escolares ou algumas públicas. Nessa altura, nem sequer, pingo de internet ou vídeo.
Até meados dos 90, aquando da criação da Biblioteca Mário Bento, uma das actividades do CEntro Desportivo E Cultura da AmadorA, com o apoio de inúmeras editoras e da impagável amiga beirã Maria do Céu Almeida e marido Abílio Almeida, do Quiosque da Amadora, quando as publicações chegaram aos centos, ia lendo algumas publicações semanais como O PONTO, a MARIA, a revista COQUETE, a NOVA GENTE, o GOLO, entre outras edições do grupo Impala. 
 
A Impala, nesta altura, era liderada pelo empresário Jacques Rodrigues. Tive a sorte de, nos anos 80, ser colega de turma de uma das suas filhas, no então liceu de Queluz.
Voltando às leituras. Lia os jornais desportivos GAZETA DOS DESPORTOS e o MUNDO DESPORTIVO. Coleccionei o AUTOSPORT e o BLITZ desde o início, e lia emprestadas as revistas AUTOMUNDO, de Adriano Cerqueira, o MOTOR e o VOLANTE e a TURBO. O PÃO COM MANTEIGA e, recordo com muito carinho, a revista TELE-CULINÁRIA E DOÇARIA, do chefe Silva, que oferecia semanal e religiosamente à minha mãe. Durante uns anos, lia e coleccionava a revista HOBBY, JOGOS & BRINQUEDOS, durante a fase da kit mania. Termino com a referência a algumas revistas fora de contexto: VISÃO, banda desenhada portuguesa muito prafrentex, e algumas edições da GAIOLA ABERTA e da CRÓNICA FEMININA e PLATEIA. 
 
 Basicamente, foi isto.
Quanto aos livros. Comecei a ler e a utilizar durante muitos anos COMO FUNCIONA, um livro explicativo editado pela Bertrand, nos anos 70. Uns anos depois, ofereceram-me a obra PORQUÊ, que tirava as dúvidas a quase tudo o que, na época, eram dúvidas. Eram os clássicos livros da Enid Blyton, ou seja, Os CINCO e os SETE. Pouca banda desenhada lia, na época, bem como, clássicos da literatura. O gosto pela leitura dos clássicos começou muito mais tarde. Sobram biografias, e muita obra sobre curiosidades e fait-divers. Livros do Miguel Esteves Cardoso e pouco mais. Nunca esqueço o KOLDITZ, da série televisiva com o mesmo nome. Do resto, sinceramente não me recordo. Todavia, comprava muitos livros usados, nos alfarrabistas do bairro alto, sobre inúmeros temas, ao sabor das moinas: aviação, comportamento, etc.
 
Fiquei o que sou, graças ao que fui assumindo, lendo ou actualizando. Voltarei ao tema com outras leituras, já na fase do adultismo.
Texto: Fernando de Sucena
Imagem: Google e Arquivo/Produtores Reunidos