Volto ao assunto de crónica
anterior, pois a vida de leitor é assente em centenas, senão milhares de
páginas pelas quais deslizaram os olhos que gravaram algumas linhas na memória.
Quanto mais se cresce, mais
assuntos despertam a atenção, mais leitura se consome, mas com o advento da
Internet e dos ebooks, a produção literária aumentou e dispersou a temática.
Mantive o hábito de ler em suporte papel. Quando comecei a fazer recensão literária,
direccionei todos os livros avaliados para a biblioteca do CEDECA, e existiram
obras imperdíveis. E revistas enigmáticas, também. Todavia, isso foi numa fase
da vida em que era bem mais grandinho.
Apesar de ter tido uma educação
rígida, mas liberal de classe media baixa, sem restrições no que toca aos
gostos, fui sempre um pouco politicamente errado. E, essa forma de vida e de
estar, além de problemas, fez com que me tornasse muito radical nas artes,
sobretudo, em relação ao sexo e à composição musical.
Não posso deixar de falar de
revistas ou jornais, ou livros, pois desde júnior que, sempre me liguei ao
papel e às artes gráficas. Recordo a ÉLAN, do meu amigo fotógrafo já falecido
Peter Machado.
Do Brasil, comecei a ler e a
comprar a fantástica BIZZ, onde reciclei os meus conhecimentos da música
brasileira, em especial o pop/rock, soterrado, entretanto, pela Lambada e ondas
mais dançáveis do Nordeste brasileiro.
E num ápice, chegámos ao
adultismo, nos anos 90. Mesmo no final da década, coincidindo com a faceta da
formação, tornei-me leitor fiel do DIÁRIO DESPORTIVO, com distribuição gratuita
e diária e dirigido pelo comentador desportivo Fernando Correia.
Continuei a ver e a rever a GINA
e a TÂNIA, da puberdade, passada às escondidas dentro dos livros de matemática.
O CEDECA dispunha, quiçá, da única secção especializada em pornografia gráfica
do país. Mais tarde surgiram jornais semanais, quase todos de um grupo
editorial, com sede na Venda Nova, na Amadora: SEXUS, SEMANA ERÓTICA e CLUBE
PRIVADO, em português, e uns tantos de origem estrangeira.
O semanário O INDEPENDENTE, o
DIABO, o TAL & QUAL, e a revista UMBIGO, eram igualmente leitura
indispensável. O mais curioso foi o facto de que, o que aparentemente era
inovador, para uma certa franja de leitores, já nos anos 80, o jornal O PONTO,
gerado e editado na antiga capital do jornalismo (o Bairro Alto), tinha no
prelo.
A década de 80, do século XX, foi
pródiga em revistas e jornais. Os regionais eram às dezenas. Um pequeno jornal
empresarial marcou um momento, sobretudo pelo nome: GRAU ZERO. Mas, o grande
nome foi o ESPAÇO T Magazine, financiado pela antiga Torralta. Pois, é! Revista
de grande qualidade gráfica.
Já antes, eu colecionava o
exótico NOSTRA, que abordava temáticas pouco comuns e rivalizava com o
inesquecível JORNAL DO INCRÍVEL quase todo criado por esse prolífero escritor
chamado Roussado Pinto, mais conhecido como escritor de policiais, com o
pseudónimo de Ross Pinn. Existia ainda, a GALÁXIA 2000, nesta área da
informação de grande tiragem.
Recordo ainda a MAXIM/MAXMEN; a
revista FOTO; a revista do ACP; a MAIS ALTO, da Força Aérea Portuguesa, e o
Boletim dos TLP que guardava religiosamente, ou não fosse um boletim das
actividades da empresa, onde o papá trabalhou durante décadas.
E foi a partir desta base
heterogénea, que se construiu uma biblioteca privada, com alguma dimensão na
Linha de Sintra.
No entanto, os títulos eram
inúmeros e a longevidade, maioritariamente de curta duração. Enquanto houve
biblioteca do CEDECA, todos estes títulos estavam por lá para consulta dos
interessados.
Livros em leitura? Poucas dezenas
dos quais destaco alguns realmente interessantes e com grande conteúdo
implícito. Miguel Esteves Cardoso. Edson Athayde, SEX de Madonna, anuários de Formula Um e alguns de
automóveis da Talento editora.
Texto: Fernando de Sucena
Imagem: Google e
Arquivo/Produtores Reunidos










